Cabeçalho

Críticas de Cinema

domingo, 11 de outubro de 2015

Crítica - A Travessia



Lançado em 2008, o documentário O Equilibrista“, ganhador do Oscar de Melhor documentário em 2009, retratou por meio de imagens reais a história de Phillipe Petit, um equilibrista françês que realizou o feito de se equilibrar, de forma ilegal, em uma corda bamba estendida entre as torres gêmeas, em Nova York.

A função de transformar essa história em filme ficou a cargo de Robert Zemeckis, conhecido pela trilogia “De volta para o futuro“, Náufrago e  “Forrest Gump“. O desafio aqui seria recriar de forma respeitosa e contundente os acontecimentos feitos pelo equilibrista. Mas o diretor foi além , recriando fielmente a história, mas criando uma tensão nunca antes vista, por meio de ângulos e enquadramentos filmados de uma maneira espetacular, fazendo com que o espectador se sinta dentro do personagem, com a ajuda de um 3D magnífico.


O filme conta a história real do equilibrista Philippe Petit (Joseph Gordon-Levitt), famoso por atravessar as Torres Gêmeas usando apenas um cabo. Mesmo sem ter autorização legal para a arriscada aventura, ele reuniu um grupo de ajudantes e contou com a ajuda de um mentor para bolar o plano, que sofreu diversos obstáculos para poder ser finalmente executado. A travessia ocorreu na ilegalidade em 7 de agosto de 1974 e ganhou destaque no mundo inteiro.

Em relação ás atuações, Joseph Gordon Levitt está excelente no papel, dando vida a um arrogante e sonhador Phillipe Petit. Aqui se observa que o ator estudou e treinou bastante para viver o personagem,fazendo muito bem as sequências que exigem uma certa capacidade física do ator. Joseph vem se mostrando um ator muito promissor desde  “500 dias com ela “ e uma indicação ao oscar por esse trabalho não seria injusta, apesar da concorrência esse ano, no quesito atuação estar bem pesada. Os personagens coadjuvantes estão muito bem, com destaque para Ben Kingsley , que mesmo tendo uma menor participação no filme, conseguiu criar uma sensibilidade excelente ao seu Papa Rudy.

Na questão artística, o filme impressiona, e muito. Os anos 70 são muito bem recriados aqui, tanto na caracterização dos personagens, quanto na recriação dos ambientes. A fotografia é incrível, dando uma sutileza e maestria a mais para o filme. Assim como a trilha sonora, que é leve e dá um ar de aventura preciso ao filme. Se “ A Travessia“ não for indicado ao Oscar nas categorias principais, podemos ter certeza que nas categorias técnicas o filme irá abocanhar diversas indicações.

Mas a melhor coisa do filme, certamente, é a direção de Robert Zemeckis. Quem conhece o trabalho do diretor, sabe o estilo motivacional de seus filmes. Aqui , não é diferente. Optando por um ritmo mais lento(até demais) e alegre em seu ínicio, Zemeckis nos entrega mais um ótimo filme e faz uma declaração de amor á NY e Paris. Mas a melhor parte de seu excelente trabalho aqui, certamente está em seu ato final. Filmando a sequência da travessia por meio de ângulos e enquadramentos incríveis, que para os que tem medo de altura, irá causar uma intensa sensação de vertigem, Zemeckis imprime uma tensão nunca antes vista, colocando uma pergunta na mente do espectador: Será que vale a pena lutarmos pelos nossos sonhos?. Uma indicação ao Oscar, apesar de improvável, não seria mais que justa.
Mas claro que nem tudo são flores. Como falei no parágrafo anterior, o diretor opta por um ritmo lento até demais, cansando o espectador em certa parte do filme, mas compensando-o em seu excelente ato final. Mas o que me incomodou profundamente aqui foi a narração em off do protagonista. Tudo aqui é minimamente explicado(até nas cenas mais lógicas), irritando em diversos momentos, achando que o espectador não tenha a mínima capacidade de saber o que está acontencendo. Certamente, o filme seria bem melhor sem o constante uso da narração em Off.

"A Travessia " é uma declaração de amor á NY e Paris...Um filme tocante , poético , leve e bastante apreensivo em seu ato final . Uma Direção excelente do Zemeckis, ótima atuação do Joseph Gordon Levitt , um dos melhores 3D já utilizados e uma trilha sonora incrível fazem de "A Travessia" um belo filme motivacional, que não merece o fracasso de bilheteria que vem recebendo nos Eua. Ótimo filme, mas a narração em Off me incomodou em vários momentos , colocando um pouco pra baixo o filme.

                                  Nota:8,3

Trailer do filme: